25 Personalidades Negras Brasileiras


 Mulheres e homens negros contribuíram para a construção do Brasil.

São guerreiros, profissionais liberais, artistas, atletas e ativistas políticos que fizeram a diferença no país.

Escolhemos 25 personalidades negras brasileiras que marcaram a história do país.

1. Aqualtune (c.1600-?) - princesa e comandante militar

Imagem que personifica Aqualtune

Nascida no Reino do Congo, Aqualtune era uma princesa que ocupou um importante papel na sua terra natal. Comandou um exército de 10 mil homens contra o Reino de Portugal defendendo seu território.


Derrotada, foi vendida como escrava e trazida para Alagoas. No engenho onde estava como escrava ficou sabendo da existência do Quilombo dos Palmares e fugiu para o local levando consigo vários companheiros.


Ali teria três filhos que se destacariam na luta contra a escravidão: Ganga Zumba e Gana, líderes no Quilombo dos Palmares; e Sabina, a mãe de Zumbi.


A causa da sua morte é incerta, mas seus feitos ajudaram a consolidar o Quilombo dos Palmares como refúgio dos escravos na colônia.


2. Zumbi dos Palmares (1655-1695) - líder do Quilombo dos Palmares

Zumbi do Palmares

Zumbi dos Palmares foi o símbolo da resistência dos escravos que conseguiam fugir das fazendas de Alagoas e arredores.

Zumbi já nasceu no Quilombo e, portanto, livre. No entanto, numa das incursões contra o quilombo foi vendido para um sacerdote e assim, estudou latim e português.

Desta forma, sabia das péssimas condições de vida que estavam submetidos os africanos que eram trazidos à força para trabalharem nos engenhos nordestinos.

Volta ao Quilombo e quem o liderava era Ganga Zumba. Nessa época, o lugar já tinha uma população de 30 mil pessoas e representava uma ameaça ao governo português. Por isso, decidem fazer uma oferta para que se entreguem sem violência.

A proposta é rejeitada por Zumbi que teria armado uma emboscada para Ganga Zumba ou o envenenado. Começa, assim uma guerra entre os quilombolas, colonos e a Coroa portuguesa.

Liderando o Quilombo dos Palmares, seu exército foi derrotado, e Zumbi foi capturado e morto. Sua cabeça foi exposta em praça pública, mas seu exemplo de luta foi passado de geração em geração. A vida de Zumbi se tornou exemplo para o movimento negro atual.


3. Dandara (?-1694) - esposa de Zumbi

Dandara

Os dados sobre a vida de Dandara são escassos e não há certeza se ela nasceu no Brasil ou na África. Sabe-se que ela foi a esposa de Zumbi e com ele teve três filhos.

Além disso, participou da resistência contra o governo português lutando ao lado das tropas que defendiam o Quilombo dos Palmares. Igualmente, se opôs ao líder Ganga Zumba quando este quis realizar um pacto com o governo português.

Derrotado o exército do Quilombo dos Palmares, para não ser pega pelos soldados coloniais, Dandara preferiu suicidar-se, atirando-se num precipício.


4. Aleijadinho (1738(?)-1814) - escultor e arquiteto

Aleijadinho

Filho de um arquiteto português e de sua escrava, Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho, foi alforriado pelo pai. Cresceu num ambiente de arte e pôde receber educação formal junto aos seus meios-irmãos.

Sendo pardo ou mulato nem sempre recebia o que lhe correspondia por suas obras e muitas peças não podem ter a autoria confirmada por carecerem de contrato.

Mesmo assim foi encarregado de realizar várias peças importantes para as ordens religiosas mais ricas da região das Minas Gerais. Suas obras estão em cidades como Congonhas, Mariana e Sabará e em vários museus brasileiros.

Desenvolveu uma doença degenerativa que o fez perder (ou paralisar) os dedos das mãos e dos pés. Mesmo gravemente enfermo não parou de trabalhar e imprimiu às suas criações um estilo inconfundível, sendo reconhecido como grande mestre barroco do período.


5. Tereza de Benguela (?-1770) - rainha do Quilombo de Quariterê

Treza de Benguela

Foi a rainha do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso. Após a morte do companheiro, liderou a luta do quilombo contra os soldados portugueses. Sua grande inovação foi a instituição de um Parlamento no quilombo onde se discutiam as normas que regulavam o funcionamento do lugar.

Após ter tido seu exército derrotado, Tereza de Benguela foi morta e decapitada com a cabeça exposta em praça pública. Desta maneira, o governo pretendia o castigo servisse de exemplo para que ninguém voltasse a desafiá-lo.

Dia 25 de julho, data de sua morte, é celebrado o Dia da Mulher Negra no Brasil.


6. Mestre Valentim (1745-1813) - paisagista e arquiteto

Mestre Valentim

Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim, era filho de um contratador de diamantes e uma negra. Nasceu em Serro, Minas Gerais e, mais tarde, Valentim foi levado para o pai a Lisboa onde estudou.

No Brasil, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, então capital da colônia. Prestou serviço para as grandes ordens religiosas e realizou trabalhos para o Mosteiro de São Bento, para Igreja de Santa Cruz dos Militares e a Igreja de São Pedro Clérigos (já demolida).

Chamado de "Aleijadinho carioca" pelo seu talento foi também o autor do traçado original do Passeio Público e do Chafariz das Marrecas, ambos no Rio de Janeiro.

No entanto, sua obra mais conhecida é chafariz localizado na atual Praça Quinze, onde centenas de escravos recolhiam água para abastecer as casas.


7. Padre José Maurício (1767-1830) - músico e compositor

Padre José Maurício

Nascido no Rio de Janeiro, de pais libertos, José Maurício Nunes Garcia seguiu a carreira eclesiástica a fim de ter uma educação formal. Além disso, estudou música, composição e regência, sendo exímio organista.

Com a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808, a vida cultural do Rio de Janeiro sofreu um incremento considerável.

O príncipe-regente Dom João, grande admirador da música, nomeou-lhe Mestre de Capela e o fez cavaleiro da Ordem de Cristo, uma das mais tradicionais ordens portuguesas.

Compôs, sobretudo, música religiosa que refletem exatamente a transição do barroco para o classicismo pela qual passava a música europeia.

Com as comemorações do bicentenário da Família Real em 2008, a obra de José Maurício Nunes Garcia foi redescoberta. Assim surgiram várias gravações de orquestras brasileiras e internacionais que permitiram sua divulgação às novas gerações.


8. Maria Firmina do Reis (1822-1917) - escritora e professora

Maria Firmina

Nascida no Maranhão, Maria Firmina dos Reis pode ser considerada uma pioneira em vários campos.

Foi a primeira mulher a passar para o concurso público como professora, a fundar uma escola mista e a escrever um romance "Úrsula" . Este livro anteciparia o gênero de literatura abolicionista que seria moda com "Escrava Isaura", de Bernado Guimarães (1825-1884).

Publicaria em 1871 um conto com a mesma temática "A Escrava" e reuniria seus poemas na coletânea "Cantos à beira-mar".

Maria Firmina foi completamente esquecida e silenciada da História do Brasil, mas pesquisas recentes tem trazido luz sobre sua obra e vida.


9. Luís Gama (1830-1882) - escritor e ativista político

Luís Gama

Nascido na Bahia de uma liberta e de um português empobrecido, Luís Gama nasceu livre, mas foi vendido como escravo pelo pai que estava endividado.

Foi para São Paulo aos 10 anos e trabalhou como escravo doméstico. Aprendeu a ler aos 17 e, nesta época, conseguiu provar junto aos tribunais que era mantido como escravo injustamente e que, portanto, deveria ser posto em liberdade.

Um vez livre, Gama passou a atuar como rábula, um advogado sem diploma que pleiteava causas específicas. No seu caso, Luís Gama conseguiu libertar mais de 500 escravos alegando que todo negro chegado ao Brasil após 1831 deveria ser livre, tal como dizia a Lei Feijó.

Escritor abolicionista, o enterro de Luís Gama foi um verdadeiro acontecimento em São Paulo acompanhado por 4000 pessoas.

Em 2015, a OAB - Ordem de Advogados do Brasil, lhe concedeu postumamente o título oficial de advogado.


10. André Rebouças (1838-1898) - engenheiro e ativista político

André Rebouças

Nascido na Bahia, André Rebouças era filho de um conselheiro do Imperador Dom Pedro I e estudou engenharia no exterior.

Construiu docas nos portos de Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Propôs meios para melhorar o abastecimento de água da capital do Império e planejou linhas ferroviárias junto com seus irmãos Antônio e José.

Abolicionista, amigo da Família Imperial, foi um dos fundadores da "Sociedade Brasileira Contra a Escravidão". A princesa Isabel causou escândalo quando dançou com André Rebouças nos bailes da Corte deixando claro sua posição abolicionista.

Monarquista, acompanhou a família imperial no seu exílio em Lisboa e dali partiu para Angola.


11. Francisco José do Nascimento (1839-1914) - marinheiro e ativista político

Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar

Natural do Ceará, filho de pescadores, desde cedo aprendeu o ofício do mar e exerceu de prático-mor. O abolicionismo se espalhava pelo país e no Ceará contou com o apoio decisivo dos jangadeiros.

Em 1881, os jangadeiros, liderados por Francisco do Nascimento, se recusam a transportar os escravos para o sul do país. Desta forma, o comércio ficou paralisado.

O ato do jangadeiro correu por todo país e foi saudado pelos abolicionistas como um gesto heroico. A partir de então, sua alcunha seria "Dragão do Mar" e entraria para história do estado e do país.

O Ceará foi a primeira província do Brasil a abolir a escravidão em 1884.


12. Machado de Assis (1839-1908) - escritor, jornalista e poeta

Machado de Assis

Nascido no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu numa família pobre. Desde pequeno, o menino se interessava pelos livros e aprendeu francês, idioma com o qual escreveria alguns poemas.

Foi funcionário público em vários ministérios, enquanto desenvolvia sua atividade literária publicando crônicas e contos nos jornais.

Ainda assim escreveria nove romances fundamentais para a literatura brasileira dentre os quais se destacam "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

Além disso, fundou a Academia Brasileira de Letras, e foi seu primeiro presidente. A instituição ainda cumpre um importante papel na divulgação da língua portuguesa e tem a sua sede no Rio de Janeiro.


13. Estêvão Silva (1845-1891) - pintor, desenhista e professor

Estêvão da Silva

Nascido no Rio de Janeiro, Estêvão formou-se como pintor na Academia Imperial de Belas Artes. A Academia recebia um grande número de negros e filhos de alforriados e Estêvão Silva é considerado o maior de todos eles.

Especializou-se na pintura de naturezas-mortas, e o crítico Gonzaga Duque observou que "ninguém era capaz de pintá-las tão bem quanto Estêvão Silva". Igualmente, retratou paisagens e figuras religiosas.

Apesar de esquecido pela historiografia brasileira, Estêvão Silva participou do Grupo Grimm, que renovou o paisagismo brasileiro no século XIX.

Na praia da Boa Viagem, em Niterói (RJ), os membros pintavam sob orientação do alemão Georg Grimm. Faziam parte artistas como Antônio Parreiras e França Júnior, entre outros.

O Museu Afro Brasil, em São Paulo, realizou uma exposição para resgatar a figura deste importante personagem.


14. José do Patrocínio (1853-1905) - farmacêutico e ativista político

José do Patrocínio

Nascido em Campo dos Goytacazes (RJ), José do Patrocínio foi para a capital do Império para estudar Farmácia enquanto trabalhava na Santa Casa de Misericórdia.

No entanto, cedo trocou o laboratório pela redação de jornais onde defendia ardorosamente o fim da escravidão.

Com Joaquim Nabuco, em 1880, fundou Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Além de comícios políticos, a organização arrecadava dinheiro para alforrias e facilitava fugas de escravos. Do mesmo modo, concorreu e ganhou a eleição para vereador do Rio de Janeiro em 1886.

Assinada a Lei Áurea, em 1888, Patrocínio vai a Paris, de onde volta com o primeiro automóvel da cidade do Rio de Janeiro. Igualmente, investe suas economias na fabricação de dirigíveis. Falece de tuberculose aos 51 anos de idade.


15. João da Cruz e Souza (1861-1898) - poeta e escritor

Cruz e Sousa

Nascido em Santa Catarina, partiu para a capital, onde foi arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil. Colaborava com diversos jornais e estava atento a causa abolicionista que se desenrolava naquele momento.

Publicou três livros em vida, mas foi sua obra póstuma "Evocações" que lhe garantiu um lugar entre os grandes escritores brasileiros.

Seus poemas são os primeiros do estilo simbolista no Brasil. Apesar disso, faleceu tal qual um poeta romântico, pois a tuberculose terminou com sua vida quando tinha apenas 36 anos.


16. Nilo Peçanha (1867- 1924) - presidente da República

Nilo Peçanha

Nilo Peçanha é considerado o primeiro presidente afro-descendente do Brasil, assumindo o cargo após a morte de Afonso Pena, em 1909. É importante lembrar que, naquela época, os vice-presidentes também eram votados pelos eleitores, de forma independente.

Apesar de seu governo ter durado somente um ano, durante seu mandato, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI, antecessor da Funai), e inaugurou a primeira escola de ensino técnico no Brasil.

O político ainda foi governador do Rio de Janeiro em duas ocasiões, senador e ministro das Relações Exteriores.


17. Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) - Iyálorixá

Mãe Meninha recebe o escritor Jorge Amado

Nascida na Bahia, Escolástica da Conceição de Nazaré, era descendente de uma linhagem de Iyálorixás, líderes femininas que comandam um terreiro de Candomblé.

Mãe Meninha do Gantois foi escolhida aos 28 anos para ser a dirigente do Gantois, terreiro que havia sido fundado por sua bisavó.

Na década de 30, as celebrações de Candomblé ou Umbanda estavam proibidas por lei. Porém, ela se destacou em fazer que o Candomblé fosse conhecido por intelectuais e políticos.

A legião de admiradores da mãe de santo incluíam nomes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, etc.

Graças a sua sabedoria, a religião afro-brasileira ganhou mais visibilidade e respeito.


18. Pixinguinha (1897-1973) - músico, compositor e arranjador

Pixinguinha

Pixinguinha, apelido de Alfredo da Rocha Vianna Filho, é considerado o maior flautista brasileiro, e ainda tocava cavaquinho, piano e saxofone. Começou a aprender música em casa e, aos 14 anos, já se apresentava em casas noturnas.

Na época do cinema mudo, os artistas negros não eram contratados para as orquestras que acompanhavam o filme, nem tocavam no hall do cinema.

No entanto, com a gripe espanhola, Pixinguinha consegue convencer um produtor a contratar o seu conjunto “Os Oito Batutas” , integrado somente por músicos negros. O grupo animaria os espectadores antes das projeções dos filmes.

Mais tarde “Os Oito Batutas” excursionam pela Europa por seis meses e voltam triunfantes.

Pixinguinha vai para o rádio onde escreve arranjos e conhece os grandes cantores da época, como Orlando Silva, que gravaria “Carinhoso”. Suas canções até hoje estão no repertório dos grupos de choro, samba e MPB, pois ele é considerado o fundador da moderna música brasileira.


19. Antonieta de Barros (1901-1952) - professora, jornalista e deputada

Antonieta de Barros

Natural de Santa Catarina, Antonieta de Barros foi professora e dedicou toda sua vida ao ensino.

De igual maneira, fundou jornais onde defendia ideias feministas. Na década de 30, entrou na política e foi a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina.

Igualmente, foi eleita em 1934, pelo Partido Liberal Catarinense, para a assembleia que redigiria a nova Constituição. Esteve nas comissões que relatariam os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo.

Integrou a assembleia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo. Posteriormente, voltaria a se dedicar ao magistério ocupando cargos de direção em diversas escolas.

Em 1947, voltaria a ser deputada estadual no seu estado e seria autora da lei que transformava o dia 15 de outubro em "Dia dos Professores" em Santa Catarina (Lei nº 145, de 12 de outubro de 1948).


20. Laudelina de Campos Melo (1904-1991) - empregada doméstica e ativista política


Laudelina de Campos Melo

Nascida em Poços de Caldas (MG), desde cedo auxiliava sua mãe com trabalhos domésticos fazendo doces para ajudar o sustento da casa. Mesmo assim, participava de associações culturais e se filiou ao PCB na década de 30.

Laudelina fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil, posteriormente fechada pelo Estado Novo.

Com a volta da democracia, Laudelina continuou a lutar pela valorização da cultura negra e do trabalho doméstico. Para isso, auxiliava a fundar associações de cunho político e cultural.

Também organizava manifestações e abaixo-assinados com o propósito de pressionar os legisladores a promulgarem leis favoráveis ao trabalhador doméstico.

Deixou sua casa em testamento para a Associação que ajudara a criar.


21. Carolina de Jesus (1914-1977) - escritora

Carolina de Jesus

Nascida na cidade de Sacramento (MG), Carolina Maria de Jesus frequentou a escola somente por dois anos.

Em busca de uma vida melhor, foi para São Paulo onde viveu na favela de Canindé e sustentava os três filhos vendendo papel e ferro.

Na década de 60, a favela seria deslocada por conta da especulação imobiliária e Carolina narra o cotidiano do lugar num diário. Ali conta as mazelas e a luta pela sobrevivência numa linguagem crua, mas poética.

O jornalista Audálio Dantas, da Folha da Noite, que cobria a ação do governo, ajuda Carolina a publicar suas anotações. O livro seria lançado com o título “Quarto de Despejo”.

A publicação torna-se um sucesso imediato e é traduzida para 29 idiomas. Seguiriam a continuação, onde ela descreve o lugar da mulher negra dentro da sociedade brasileira, e “Provérbios”. Sua biografia seria publicada postumamente, em 1986, como “Diário de Bitita”.


22. Abdias do Nascimento (1914-2011) - intelectual, ator e político

Abdias do Nascimento

Nascido em Franca (SP), Abdias do Nascimento foi um grande precursor na vida artística e política do Brasil. Fundador do Teatro Experimental do Negro, em 1944, o Museu da Arte Negra e do IPEAFRO, nos anos 80, que se dedicou à pesquisa e à divulgação da história da África. Ainda ajudou a conceber o Memorial Zumbi dos Palmares, em Alagoas.

Engajado no movimento negro do Brasil colaborou com a Frente Negra Brasileira. Durante a ditadura militar (1964-1985) foi para os Estados Unidos onde foi professor universitário. Igualmente, exerceu como deputado e senador.

Abdias do Nascimento lançou várias obras sobre temas relativos a condição do negro dentre as quais se destaca "O Genocídio do Negro Brasileiro - Processo de um racismo mascarado", de 1978.

Homem de diversos talentos, Abdias do Nascimento ainda foi artista plástico e fez várias obras que se inspiravam na arte africana. Igualmente, se vestia com estampas e peças de vestuários de origem africana.

Também é frequentemente comparado ao pastor americano Martin Luther King pelo seu compromisso com os direito civis da população afrodescendente.


23. Adhemar Ferreira da Silva (1927-2001) - atleta olímpico

Adhemar Ferreira da Silva

Natural de São Paulo, Adhemar foi pioneiro do atletismo brasileiro na categoria de salto triplo. Defendeu as cores do São Paulo e do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro.

Seu primeiro título foi o Troféu Brasil em 1947, e continuaria a brilhar sendo tricampeão pan-americano, sul-americano e quebrando vários recordes mundiais.

Consagrado nas Olimpíadas de Helsinque (1952) e de Melbourne (1956) foi o primeiro atleta a ganhar uma medalha de ouro para o Brasil e ser bicampeão olímpico.

Além disso, foi escultor e participou do filme "Orfeu Negro", agraciado com a Palma de Ouro em Cannes em 1959. Formou-se em Educação Física, Direito e Relações Públicas. Ainda foi designado adido cultural na Nigéria, onde atuaria de 1964 a 1967.


24. Grande Otelo (1915-1993) - ator e cantor

Grande Otelo

Nascido em Uberlândia (MG), Sebastião Bernardes de Souza Prata seria o primeiro ator negro brasileiro de projeção nacional e internacional. O apelido veio das aulas de canto, pois o professor previu que ele cantaria o papel de "Otelo", de Verdi, quando crescesse.

A carreira artística começou nas ruas da cidade natal, quando o menino cantava e fazia graça para os transeuntes em busca de um trocado. Quando um circo chegou a cidade, Grande Otelo se apresentou com eles e seguiu viagem para São Paulo.

Começava assim uma profícua carreira de ator de teatro e de cinema, especialmente em comédias ao lado de Oscarito.

No entanto, gravou também títulos com diretores do Cinema Novo como "Rio Zona Norte", de Nelson Pereira dos Santos e "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade.

Foi também o primeiro ator negro a atuar no Cassino da Urca e, mais tarde, participaria de vários programas de televisão.

A Escola de Samba Estácio de Sá o homenageou em 1986 e a Escola de Samba Santa Cruz fez o mesmo em 2015. Ambas agremiações são do Rio de Janeiro.


25. Ruth de Souza (1921-2019) - atriz

Ruth de Souza

Natural do Rio de Janeiro, Ruth perdeu o pai aos nove anos e a mãe trabalhou como lavadeira para criar os três filhos. Cedo se interessa pelo teatro e ingressa no Teatro Experimental do Negro, de Abdias de Nascimento. Também gostava muito de ir ao cinema e escutar ópera junto com sua mãe.

Através do crítico Paschoal Carlos Magno, consegue uma bolsa para estudar atuação nos Estados Unidos.

Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a atuar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Igualmente, foi a primeira a atriz negra a receber uma indicação de melhor atriz com seu papel no filme "Sinhá Moça". Isto ocorreu no Festival de Internacional de Veneza, em 1954.

Por isso, é chamada de primeira-dama negra da dramaturgia brasileira. Construiu uma exitosa carreira no teatro, cinema e televisão.

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